A aprendizagem da Leitura e Escrita

 

    O processo de ensino e aprendizagem é sem duvida, muito instigante e desafiador, tanto para o aluno como para o professor. Adquirir a habilidade de ler significa, sobretudo, a condição de compreender um mundo que vai se mostrando cada vez maior e mais surpreendente. São nessas descobertas que alguns alunos apresentam mais dificuldades do que os outros.

Na maioria das vezes as crianças e jovens leem por obrigação, apenas o que lhe é determinado, sem dar à leitura seu real valor; leem por ler, sem perceber a necessidade da leitura, - busca de informações, conhecimentos, para enriquecer seu vocabulário, para visualizar palavras e avaliar os seus escritos.

Esse desconhecimento sobre a importância e a necessidade da leitura torna-se uma barreira no processo de desenvolvimento intelectual do aluno, uma vez que ele não a vê como algo prazeroso; não se sente motivado a ler diariamente e espontaneamente, deixando para trás chances de vivenciar ricas experiências de enriquecimento.

Muitas vezes, este desinteresse pode estar associado ao ambiente familiar e, o meio social da criança. A criança, cujos pais leem, costuma demonstrar mais interesse do que a outra que não vivencia esta prática na família.

 A leitura é necessária para a construção da cidadania, para a formação de homens livres e aptos a participar da grande obra que é a humanidade. A leitura pode nos conduzir por tempo, lugares e acontecimentos que não são os nossos.

O domínio instrumental da leitura é necessário para garantir ao aluno autonomia no contato com o texto e, pode ser uma fonte de lazer e enriquecimento.

 

Algumas questões intrigam os professores - Qual é a necessidade da leitura no processo de ensino e aprendizagem? Por que os alunos não leem espontaneamente? Qual é a dificuldade dos alunos em ter o hábito de ler? Como desenvolver a habilidade de leitura?

 

    A partir destes questionamentos, há muitas discussões sobre o tema. Por isso, quero lançar um olhar especial aos educadores da Escola Pública. Há uma constatação diante dos inúmeros atendimentos psicopedagógicos por mim realizados de que a prática cotidiana tem sido ineficiente, tendo em vista o grande índice de alunos fazendo a passagem de uma série para outra sem ser um leitor consciente.

O leitor consciente é aquele que ler, porém, não interpreta o que leu e; não é capaz de fazer um juízo da leitura que fez. O aluno leitor é capaz de argumentar sobre um tema sem ficar demasiado confuso nas suas colocações e elaborações das ideias.  

Formar alunos leitores conscientes é o papel da escola. Isso faz parte do processo de emancipação de um país. O ato da leitura e da escrita conduz a criança a um processo de aprender, de conhecer, de apreender novos significados que os ajudará a  viver com mais plenitude.

    A escola precisa pensar em dar sentido à proposta de formar bons leitores. É uma oferta leituras que estejam próximas da realidade do grupo, ou pelo meno, da maioria deles; promover leituras que suscite sugestões e ações significativas para a sua vida.

O primeiro passo, talvez, seja a construção ou estabelecimento da confiança na relação professor e aluno. Esse é um dos aspectos que se constituem num estimulo para que o educando possa perceber-se como cidadão e, como ser social e histórico. Reconhecer e valorizar a diversidade cultural dos alunos, e, principalmente, as suas diferenças individuais é respeitá-lo; é estar mais próximo.

 

A questão é - Que pessoas queremos formar?

 

  Toda instituição escolar tem características que lhe são peculiares, e que influenciam o comportamento da comunidade escolar como um todo. Essa influência, tanto pode ser para a dominação como para a libertação, dependendo do nível de consciência do dirigente, do projeto pedagógico, da equipe pedagógica, podemos entender o objetivo daquela escola. E, isso, pode ter implicações até mesmo nas sugestões de leituras e na condução do processo de ensino e aprendizagem.

É no contexto escolar que formamos bons leitores e, podemos desenvolver alguns gostos. O professor precisa ser capaz de identificar os aspectos subjacentes à prática que são apontados como facilitadores do processo e, as que não contribuem. Nessa perspectiva, os temas, proposta de leitura, a forma de leitura, dramatização, etc...Inventar e reinventar, faz parte da prática.   

Mesmo diante do avanço tecnológico, a leitura não pode perder o seu valor e a necessidade social. O grande desafio da escola é mostrar a sua importância, considerando que por falta de conscientização sobre o hábito da leitura e da escrita cada vez mais, as crianças e jovens apresentam sérios problemas na organização do pensamento, elaboração de ideias e, de escrita. Falta-lhes o senso crítico diante de uma proposta, de discutir a realidade; capacidade de ter condições de fazer escolhas pessoais para o seu futuro, ou, de sua comunidade, do seu país. Ter consciência do seu papel e função social.

A leitura consciente faz parte do processo de formação dos alunos. Mas, muitas vezes, há um equivoco da escola quando confunde o processo de ler em um simples reconhecimento de palavras em páginas impressas, ou seja, trabalha a leitura como um simples ato de decifrar códigos. Existe uma nítida separação entre os mecanismos da leitura e o pensamento, reduzindo a leitura a um ato mecânico de decifrar letras, frases, ou leituras exploratórias apenas informações necessárias a finalidades imediatas.

O desinteresse pela leitura pode ter origem na pré-escola e deve-se, em grande parte, ao tipo de literatura que é oferecido às crianças; o espaço criado para isso. O primeiro contato com o livro pode não ter sido  prazeroso.

É comum uma criança ler um texto, podendo-se dizer que até de maneira correta (pronúncia, pontuação…), e, não ser um leitor consciente.

A leitura é a realização do objetivo da escrita. Quem escreve, escreve para ser lido. Às vezes, ler é um processo de descoberta, como a busca do saber científico. Outras vezes requer um trabalho paciente, perseverante, desafiador, semelhante à pesquisa laboratorial. A leitura pode também ser superficial, sem grandes pretensões, uma atividade lúdica. É uma atividade profundamente individual. Lemos para extrair informações da escrita, não pata decodificar  letra por letra, palavra por palavra, mas, sim para compreender o sentido da escrita; o que o outro está querendo nos dizer.

 

                                                                         Maria Teixeira


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